Sabe, ela sempre foi tão dedicada, delicada, educada, a menina dos sonhos de todo aquele que sonhava com a felicidade. Ela sempre se preocupou em escutar a todos, apoiar ou aconselhar quando necessário.
A pessoa que sempre distribuía sorrisos por onde passava, sem se importar com nada, a não ser com a felicidade de seus amados, sim, seus amados porque vivia distribuindo amores. Ela não brincava quando o assunto era amor, não eram amores rasos, nem frágeis e sim amores verdadeiros. Não brincava com corações, pois o seu sabia a dor de um coração feito de brinquedo, não se apegava a amores garantidos com clichês e promessas, acreditava que amores verdadeiros não precisavam de promessas, mas sim, de sorrisos verdadeiros e demonstrações de afeto.
Andava pelos caminhos da vida sempre contente, sorrindo com o vento, a tristeza sequer lhe incomodava por saber que para a mesma não havia mais chances. Sua felicidade ultrapassava o limite do sorriso, escapava pelo brilho estonteante dos olhos ou pelo charme da gargalhada sem noção.
Já se decepcionou tantas vezes, já errou tantas vezes, que chegou a perguntar-se: “Por quê não tomo jeito e persisto nos mesmos erros?”, acredito que a resposta seja que ninguém é perfeito e ela não era tão diferente assim.
Ela era uma menina tão jovem e tão esperta, conhecia a vida mais que muita gente, enfrentou tantos e tantas na sua infância, coisas que para uns é quase nada e para outros são extremos absurdos, coisas que o mundo esquece e ela não esquecerá jamais.
Mas não se iluda ao pensar que ela não sente medo, porque ela sente. Ela sente medo do mundo, das pessoas que não sabem esvaziar o peito e deixar tudo escapar pela boca, pessoas que se trancam a milhares de chaves, que acabam por tornar-se baús com diversos mistérios, não tem como amar mistérios, não tem como confiar em mistérios, mistérios são ilusões que por muitas vezes nem seu próprio guardador consegue desvendar.
Ela sempre quis agradecer a vida, pensou em diversas maneiras, vários gestos, mas acreditava que jamais conseguiria, mal sabia ela que já agradecia o suficiente com o seu encanto e seu amor.
Ela entregou-se a vida e deixou sua marca, para muitos uma assinatura estranha, para outros uma pequena representação de sua doçura e de sua passagem por este mundo.
Autora: Oberdania Reis //
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