Esta manhã mais uma vez acordei e não havia mensagem sua em meu celular, e caminhando fui eu, com a certeza que os meus passos não me levariam à sua casa, ao seu sofá, ao seu sorriso, até você. Alguém me disse que o tempo curava, mas o estoque do medicamento acabou e não houve cura.
Não há retorno. No fundo, todas as vezes que te vi e mostrei fortaleza, as notícias que recebia e aparentava indiferença, eram apenas disfarces da tentativa inútil de esconder o desejo de correr aos seus abraços, e reatar tudo o que o tempo havia desfeito.
Mas hoje a ficha caiu, você não vai voltar, aquela nossa viagem a Paris está cancelada, os sonhos a dois suspensos e os nossos filhos…
Eram um casal, lembra? Abortados antes mesmo de serem feitos, as vezes ouço a voz deles, o choro também, mas no fundo o choro é o meu. Ultimamente tenho escutado muita coisa, e hoje, ouvi um barulho diferente, e fez um eco assustador, deve ser por causa do espaço vazio que você deixou. Era o barulho do tilintar de uma moeda, mas na verdade era uma ficha, ela trazia gravada em si, a certeza, você não vai voltar.
Eu chorei, outras vezes também vou chorar mas a minha vida não pode parar.
Pois assim como no vídeo game, todas as vezes que a ficha cai traz ela a mensagem: Play Again? É hora da vida continuar.
Autor: Marcos Bulhões // Elucubrações